A saúde dos cães depende de inúmeros processos fisiológicos funcionando corretamente, e a coagulação sanguínea é um dos mais cruciais. Quando esse sistema falha, surge uma condição conhecida como coagulopatia, que pode colocar a vida do animal em risco.
Embora pouco discutida no dia a dia dos tutores, a coagulopatia merece atenção especial, já que envolve distúrbios potencialmente graves e, muitas vezes, silenciosos.
Estudos veterinários indicam que os distúrbios de coagulação representam uma parte significativa dos casos de emergência em clínicas especializadas. A coagulopatia pode ser hereditária ou adquirida, e afeta diretamente a capacidade do corpo de estancar sangramentos, mesmo em ferimentos pequenos.
Por isso, neste artigo vamos explorar de forma aprofundada o que é a coagulopatia em cães, quais são suas principais características, como ela pode afetar a saúde do animal, quais tratamentos estão disponíveis e, mais importante, como preveni-la.
Boa leitura!
O que é coagulopatia em cães
Coagulopatia é o termo utilizado para descrever qualquer anormalidade na coagulação do sangue. Em cães, essa condição pode ter origem genética (como na Doença de von Willebrand) ou ser causada por fatores externos, como intoxicações, infecções ou doenças autoimunes.
O processo normal de coagulação envolve uma sequência coordenada de reações bioquímicas, com participação de plaquetas, proteínas chamadas fatores de coagulação e células endoteliais.
Quando esse sistema falha, o sangue pode coagular de forma inadequada ou não coagular, resultando em sangramentos persistentes ou formação de coágulos perigosos.
As coagulopatias em cães podem ser classificadas em dois grandes grupos:
- Coagulopatias hereditárias: como a hemofilia A e B e a Doença de von Willebrand, que afetam principalmente raças como Dobermann, Golden Retriever e Schnauzer;
- Coagulopatias adquiridas: geralmente causadas por intoxicação por rodenticidas (venenos para rato), doenças hepáticas, infecções graves (como erliquiose) ou distúrbios imunomediados.
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Características da coagulopatia em cães
Os sinais clínicos da coagulopatia em cães podem variar dependendo da causa e gravidade do distúrbio, mas geralmente envolvem manifestações hemorrágicas incomuns ou inexplicáveis.
Entre os principais sintomas, destacam-se:
- Sangramentos excessivos após pequenos cortes ou cirurgias
- Hematomas espontâneos sob a pele (sem trauma aparente)
- Epistaxe (sangramento nasal)
- Hematoquezia (sangue nas fezes) ou hematúria (sangue na urina)
- Gengivas ou mucosas pálidas, indicando perda de sangue
- Letargia e fraqueza, especialmente em casos com sangramentos internos
- Inchaços ou equimoses em locais como articulações, comuns em hemofilias
Em casos mais graves, a coagulopatia pode levar a hemorragias internas, que dificultam o diagnóstico e exigem atenção veterinária imediata. A avaliação clínica deve incluir exames laboratoriais, como hemograma, tempo de protrombina (TP), tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA), dosagem de fatores de coagulação e testes específicos para doenças infecciosas ou imunomediadas.
Consequências da coagulopatia em cães
As consequências da coagulopatia variam conforme a causa, o tipo de distúrbio e a rapidez com que o tratamento é iniciado. Em todos os casos, a condição representa risco potencial à vida do animal, especialmente se não for tratada adequadamente.
Entre as complicações mais comuns estão:
- Hemorragias internas graves, que podem afetar órgãos vitais como pulmões, fígado ou cérebro.
- Anemia severa, devido à perda constante de sangue, o que pode gerar cansaço extremo, fraqueza e colapso.
- Morte súbita, especialmente nos casos em que o animal sofre trauma ou cirurgia sem o diagnóstico prévio da coagulopatia.
- Acúmulo de sangue em articulações, comum em hemofilias, resultando em dor e perda de mobilidade.
- Falência de órgãos, quando a formação de coágulos compromete a irrigação sanguínea adequada.
Essas consequências tornam o diagnóstico precoce e a atuação rápida fatores determinantes para o prognóstico do cão.

Tratamento da coagulopatia em cães
O tratamento da coagulopatia depende da causa subjacente. O primeiro passo é sempre estabilizar o animal, especialmente em casos de hemorragia aguda, o que pode envolver transfusões de sangue ou plasma fresco para repor fatores de coagulação e plaquetas.
As abordagens mais comuns incluem:
- Administração de vitamina K1, especialmente em casos de intoxicação por rodenticidas anticoagulantes.
- Transfusão de plasma fresco congelado, indicada para reposição de fatores de coagulação em diversas coagulopatias, incluindo as hereditárias.
- Uso de medicamentos imunossupressores, como corticosteroides, nos casos de doenças autoimunes que afetam a coagulação.
- Tratamento da doença primária, como antibióticos para infecções (ex: erliquiose) ou suporte hepático em casos de disfunção do fígado.
- Uso de desmopressina, em casos de Doença de von Willebrand, para estimular a liberação de fator de coagulação.
É fundamental que o tratamento seja monitorado de perto com exames periódicos, pois ajustes na terapia são frequentemente necessários. Além disso, animais com coagulopatias hereditárias podem precisar de manejo ao longo de toda a vida.
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Como evitar a coagulopatia em cães
Embora algumas coagulopatias sejam genéticas e, portanto, não preveníveis, outras podem ser evitadas com cuidados simples e eficazes por parte dos tutores.
Veja algumas medidas importantes:
- Evite o acesso a venenos para roedores ou outros anticoagulantes.
- Mantenha a vacinação e vermifugação em dia, para prevenir doenças infecciosas que podem afetar a coagulação.
- Utilize antiparasitários regularmente, já que doenças transmitidas por carrapatos, como a erliquiose, estão associadas a distúrbios de coagulação.
- Faça exames preventivos, especialmente em raças predispostas a coagulopatias hereditárias, antes de procedimentos cirúrgicos.
- Adote alimentação equilibrada e rica em nutrientes, principalmente vitamina K, essencial para a coagulação.
- Informe ao veterinário histórico familiar ou sangramentos anteriores, mesmo que pequenos, para uma investigação mais aprofundada.
Além disso, criadores responsáveis devem testar os reprodutores para doenças genéticas, reduzindo o risco de transmitir essas condições a futuras gerações.
A coagulopatia em cães é uma condição que exige atenção e conhecimento. Apesar de silenciosa em muitos casos, ela pode evoluir rapidamente e causar sérias complicações se não for diagnosticada e tratada corretamente. Com o acompanhamento veterinário adequado, exames periódicos e prevenção ativa, é possível garantir uma vida saudável mesmo para cães com predisposição à condição.
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